A seguir o excelente trabalho de pesquisa da Historiadora Caroline Dias, a quem devemos a gratidão por compartilhar seu trabalho.
Maria Perpétua nasceu em Portugal, em 1790. Casou-se muito jovem, com o escrivão Rodrigues Siqueira, que veio a falecer cedo, deixando-a viúva. Com a morte do marido, mudou-se para o Brasil e casou-se novamente, desta vez com o Sr. Antônio, um oficial militar aposentado, com quem teve um filho.
Então, ela foi morar na Ilha de São Sebastião, litoral norte do estado de São Paulo.
Durante sua permanência na ilha, começou a se envolver com o ocultismo e passou a trabalhar como cartomante.
Seus clientes eram, na maioria das vezes, marinheiros de navios mercantes e negreiros que aportavam na Ilha de São Sebastião para se abastecer, e iam até ela em busca de proteção mágica para prosseguir viagem.
Sua fama como feiticeira aumentava cada vez mais, e ela começou a vender amuletos e poções afrodisíacas.
Quem não ficou nada satisfeito com isso foram os moradores da ilha, pois eram radicalmente contra as ações de Maria Perpétua e seu envolvimento com a magia.
Em 1812, ela foi denunciada às autoridades locais e foi aberto um processo contra ela por bruxaria. Entre os denunciantes, estava o capitão Domingos, o comerciante de escravos mais importante da região.
Segundo consta, Maria Perpétua teve um desentendimento com Joana, uma das escravas do capitão Domingos, e jurou vingar-se. Coincidentemente, alguns dias depois, Joana adoeceu e, em seguida, veio a falecer. O capitão Domingos, junto com outros moradores da ilha, deu queixa ao padre do vilarejo acusando Maria Perpétua de ter feito um feitiço para matar a escrava.
O governador da capitania de São Paulo ficou sabendo do ocorrido, e deu ordem para que a casa dela fosse investigada. Além de diversos apetrechos de magia, foi encontrada uma orelha humana seca. Por essa razão, foi presa e levada para a cadeia de São Vicente. Mas, como seu marido ainda exercia certa influência na região, ela foi liberada logo em seguida.
Tempos depois, ela foi denunciada por envenenamento e por vários outros casos envolvendo bruxaria.
Em 26 de outubro de 1817, durante uma discussão com o marido, Maria Perpétua levou uma facada e acabou morrendo por hemorragia.
Curiosamente, cinco anos depois de sua morte, o processo contra ela foi reaberto a mando do capitão-mor da Ilha de São Sebastião.